Amor de verão
Tocava no meu coração,
a minha música do liceu.
Afogava em doce tentação,
amor proibido em Viseu.
Olhamos nos olhos do céu
e fixamos o olhar no abismo raso.
Fundação da realidade,
disse em voz ténue:
"Ostentação, Lascívia,
Magnatas de deus finito,
Desce e ergue-te visão ancestral,
Ilumina as nossas mentes com escuridão.
Nós... apenas nós... somos as infinidades do plano,
Tudo o que não há e não há de existir.
Manifestação do nulo, inexistência, fútil.
Fútil como matéria, matéria consequentemente infindável.
Materializa saber, ignorância, futuro e orgulho.
200000000000000 de pó, poeira inútil carro-chefe.
Chamamo-nos em partes de Deodato de Silva entre muitos..."
Amor de verão efémero,
Recordado em aroma salgado.
Nunca revivido nem apagado,
Talvez no fundo ainda persevero.