Conhecimento ancestral | Senso Comum
Idosos, velhos, anciões,
poços infindáveis de saber.
Dizem todos esses ordinários
(ordinário no senso de banal, não de má-educação
(má-educação no sentido de ser mal-criado
não no sentido de não ter educação como conhecimento,
(se bem que neste caso; bem,
podemos dizer que carrega uma certa ironia)))
que nem uma dissertação têm a seu nome.
Masturbam conservadores o divino senso comum,
assim como felaçam o conhecimento ancestral.
Ilumina-me ò Zé das Coves!!
Tantos invernos a acartar arrobas de alfarrobas,
que de certo te incumbiram uma experiência infalível,
que de certo é aplicável a toda e qualquer situação.
Cenário - Tirei um mestrado em certa área e não encontro emprego
Zé - Ò rapaz, no meu tempo não haviam cá estudos, vivíamos da hortinha e já era muito bom!
Ò seu grande animal!
O que me interessa a merda da horta? O que me interessa como as coisas eram no teu tempo?
Zé - Ò rapaz, tem lá calma, eu já vivi mais tempo do que tu, e sei que tudo vai correr bem. O mais importante agora é começar por baixo, não querias almejar para o topo já! Quando tinha os meus 14 anos ainda trabalha na horta do meu avô. Tive de me aguentar até aos 19 até ter a minha bela hortinha! O que é preciso é calma.
Desejo
o quê?
Morrer
Porquê?
Porque o caralho do Zé não se cala com a merda da horta!
Interlúdio
Caminho nas ruas
Examino batelada
De caixotes ocos
Pensava em lacunas
Pensavas?
Imaginava interregno
Imaginavas?
Sonhava abissos
Mais profundos qu'a Terra
Mais profundos qu'a Terra
Nasci
Cresci
Fui para a escola
Aprendi
Brinquei
Cresci
Cresci
Fui para a universidade
Amadureci
E agora?
Agora...
Agora também eu
vendo couves...
E ás quartas,
Rabanetes.
É verdade Pedro, no meu tempo as pessoas não aprendiam a ler e a escrever na escola, iam à missa para aprender essas coisas.
Pois...
Vê-se.