Poesia de amador

Poesia de amador

Poesia de amador.
Prisioneiro de dicionário.
Sente a tentação da rima.
Escreve ecos de versos vazios.


Não sinto o hoje,
fujo do ontem,
temo o amanhã.

Passatempos coloridos fingem sabedoria,
criando assim, tertúlias de idiotas.
Gritam uns de arte, outros de política.
No entanto apenas sei, que gosto de disparar.

"Belos tempos de outrora!", penso eu,
ignorante à memória de arrepios noturnos,
e de arrogantes ideologias e retóricas.
"Nunca serei como antes já fui", diria ele.

Futuro longínquo, detentor de sonhos reféns.
Ah, como sussurras desejos de fuga sem sentido.
Receio o dia que me vou aperceber,
que hoje é uma simples memória.


"De que poesia falas tu?",
"Onde estão metáforas ou significados?".
Arrependimento inundou a minha mente,
que pensava me poder divertir.


Palavras dementes cantam em prosa,
gatafunhos dançam até o amanhecer.
Elude-me a língua graciosa.
Foda-se, não sei mesmo escrever.

João Dias

João Dias

Poeta, sonhador, falhado, gamer