toco na pele do dia
toco na pele do dia
que se expõe nua pelo amanhecer
neblina nómada por desvendar
que me desperta em vão
e vem até mim
uma e outra vez
com promessas e mais promessas
de céus loucos de esperança por explorar
lá fora um mundo inteiro criado somente para meus pés
um universo de experiências que aguarda pacientemente por mim
promessas e mais promessas,
ocas, soltas, que me iludem com
mais do mesmo
toco na pele do dia
que se esconde enquanto sonho
por detrás do véu ígneo que despe
e que me acorda num só beliscão sedutor
doce déspota que me prende ao corpo
e confine ao decaimento
a viagens sem destino
a sabores que se evaporam
e insiste em dar-me luz de que não preciso
ou mesmo tempo de que abdico
ou até vida que não pedi
toco na pele do dia
sem intenções de o possuir ou conquistar
apraz-me apenas saber que existe
e que pousa sempre perto de mim
mas mais que isso não quero
a carícia basta-me
a superfície satisfaz
e a fantasia por cumprir aquece-me
com uma febre póstuma que me invade o jazigo
onde me preparo no auge da noite
e que abandono a troco de nada
dia após di
a
após dia
após di
a
após di
a
após
di
a
toco na pele do dia
por noutra pele não querer tocar