pequena vénia

pequena vénia

Nos meus tempos de praxe
havia um gajo
cujo nome vou dizer não lembrar
convencido de que existia um "olhos no chão" embebido
na minha maneira de o cumprimentar
motivado pelo medo da tradição praxista
ou o raio que o parta.

Ora,
o meu cumprimentar tinha
e tem, de facto,
nele embebido
uma pequena vénia:
    simples descair de cabeça
    que ofereço a qualquer um
    por boa educação
    - um reconhecer do valor inato.

O cabrão achou,
na sua arrogância ou
no seu egocentrismo ou
num qualquer outro adjectivo que o valha
que aquilo era na realidade um plantar d'olhos
no chão
resultante do trauma da praxe
que só a sua imagem tinha o poder de espoletar. Em mim.

Dizia-me sempre que o cumprimentava:
    "Oh rapaz, levanta a cabeça!
      Não tens que pôr os olhos no chão,
      ainda não são horas da praxe!"

Filho da puta, olhos no chão?!
Confundes pequena vénia com olhos no chão?!
Tentei, aparentemente em vão,
servir-te simpatia
e tu confunde-la com subserviência?!
Cabrão, faltam-me dedos nas mãos que contassem
a quantidade de vezes que quis transformar aquela pequena vénia
, a meio do seu voo,
num potente cabecear dessa tua testa de
noz
esperançando causar algum tipo de
traumatismo
daqueles que exigem meses de fisioterapia
e que dificultam a fala
para a posteridade
Cabrão...
Mas exagero,
o gajo até que nem era mau gajo;
pagou-me uns quantos bagaços no Pintos
sessenta cêntimos cada.
Cinquenta se soubesse regatear.
 

futrica ?

futrica ?

Abdiquei-me de mim próprio cedo demais. Não quero ser futrica, e procuro no recordar, viver estudantilmente, só mais uma vez.